Demorou mas caiu. Desde 2005, o Santa Cruz não
vencia o Náutico nos Aflitos. A quebra da escrita veio em grande estilo
neste Domingo de Páscoa com a vitória por 2x0 num jogo em que o time do
Arruda foi superior em quase toda partida. Mérito de seu técnico, que
soube armar um time ao mesmo tempo técnico e brigador, conseguindo
anular o reconhecido poderio do ataque alvirrubro. O Santa agora lidera o
Campeonato Pernambucano Coca-Cola com 19 pontos. O Náutico caiu para
segundo lugar.
A característica dos jogadores dos dois times
materializou-se desde os primeiros minutos. O Náutico com três volantes
faria de tudo para acionar Elton e, principalmente Rogério no espaço de
tempo mais curto possível para explorar a velocidade. Já o Santa, com
três meio-campistas fatalmente iria procurar tocar melhor a bola para
abrir as brechas. E assim ambos fizeram e, ao seus estilos, criaram boas
oportunidades.
A primeira ficou para o Santa, que optou por
avançar a marcação. Quando seus três homens de criatividade o faziam, a
equipe visitante levou vantagem. Tanto que, aos quatro minutos, Dênis
Marques lançou Renatinho, que entrou livre, frente a frente com Felipe
chutou colocado. O goleiro alvirrubro tocou de leve na bola e mandou a
escanteio.
Quatro minutos depois, Rogério caiu pelo lado direito e
aproveitou o erro de Tiago Costa para cruzar. Tiago Cardoso rebateu
para frente e Elton, no susto, apenas colocou o pé esquerdo na bola. Sem
conseguir dar direção, o chute saiu torto, para fora.
Os defeitos também forarm apresentados. Para
quem tentava acelerar o jogo, o Náutico precisava de um jogador
criativo. Seria Marcos Vinícius, mas o prata da casa aceitou muito fácil
a marcação de Tozo, responsável pelo setor. Faltou ao camisa 9 a
mobilidade de Rogério, por exemplo. Quem tentou fazer esse papel foi
Rodrigo Souto, o volante mais adiantado. No Santa, o problema era
acertar o passe para entrar na área adversária.
Quem conseguiu
corrigir primeiro seu problema foi o tricolor. Aos 23, Raul foi lançado e
chutou. A bola ficou presa entre a zaga do Náutico e Renatinho. Mesmo
bem menor que seus marcadores ele conseguiu passar para Dênis Marques,
sem qualquer marcação. O artilheiro ajeitou e acertou as pernas de
Felipe, que, diga-se de passagem, fechou bem o ângulo. A terceira chance
cara a cara veio apenas três minutos depois. Dessa vez foi Éverton
Sena, que de marcador de Rogério não teve nada, a ir à linha de fundo e
mandar para trás. Renatinho fechou mas dividiu a bola com Alison.
Escanteio.
Literalmente aos trancos e barrancos o Náutico
conseguiu responder. Numa dividida de corpo com César na lateral, Élton
levou a melhor. Há quem reclame de falta no do atacante timbu no
zagueiro coral. Ao tentar o drible da vaga em William Alves, o defensor
do Santa claramente projetou o corpo para impedir o avanço do
adversário. Mas como Rogério deu sequência à jogada, a partida seguiu. O
camisa 10 mandou rasteiro para boa defesa de Tiago Cardoso.
Os
dois times voltaram para a etapa final sem alterações. O Santa mudou
apenas o setor de marcação. A marcação começava a partir do círculo
central. Nem por isso, o Náutico conseguiu pressionar. Como os três
volantes não tinham tanta liberdade para avançar e Marcos Vinícius não
se apresentava, o jeito foi continuar na bola longa sem grande efeito.
Na
base da troca de passes, o Santa chegou perto do gol aos sete minutos.
Natan passou por Elicarlos pela direita e foi à linha de fundo. Cruzou
para trás e Raul chutou raspando a trave direita. Foi a senha para o
técnico Vágner Mancini parar de dar sopa ao azar e mexer no time.
Vinícius Pacheco foi acionado para ajudar na armação. O sacrificado foi o
lateral-direito Auremir. Sobrou para Elicarlos fazer o papel de
lateral.
Apesar de melhor distribuído em campo, o Santa passou a
encarar um segundo adversário: o cansaço. Jogadores fundamentais para o
esquema do time como Tozo, Raul e Tiago Costa davam claros sinais de
cansaço aos 20 minutos. Marcelo Martelotte resolveu sacar Raul para
colocar um jogador que conduz mais a bola, Jefferson Maranhão.
Já
Mancini pareceu não ter gostado da nova dupla de armação e tirou Marcos
Vinícius para acionar o terceiro atacante, Renato. Mesmo assim, o
melhor que o timbu conseguiu foi na bola parada. Numa cobrança de
escanteio de Rogério, aos 26, Alemão subiu mais que todo mundo e mandou
raspando a trave. A primeira chance com a bola rolando veio um minuto
depois. Vinícius Pacheco entrou na área pelo lado esquerdo mas chutou em
cima de Tiago Cardoso.
O time do Arruda mexeu novamente. Luciano
Sorriso saiu para entrada de Nininho. A mudança forçou o deslocamento de
Éverton Sena da lateral para a proteção da zaga. A essa altura, a
bateria tricolor dava clamorosos sinais de que estava no fim. Ficou mais
fácil para o Náutico explorar os lados do campo e Élton ganhou mais uma
chance aos 29. Tiago Cardoso novamente apareceu bem.
Restava ao
Santa aproveitar um contra-ataque ou vacilo da defesa alvirrubra. O
primeiro quase deu certo aos 31. Dênis Marques foi lançado mas agarrado
por Alemão. A sequência dos fatos ilustra a segunda via para os corais
conseguirem algo. A falta foi cobrada e Nininho recebeu no campo de
defesa. Natan, um dos poucos que tinha muito fôlego disparou e recebeu
na entrada da área. Ele só tirou de Felipe para colocar no canto
esquerdo. A defesa do Náutico apenas olhou a jogada.
Mais do que
um balde, foi um banho completo de água fria nos timbus. Agravado apenas
dois minutos depois. Natan e Jefferson Maranhão tabelaram no lado
esquerdo até este último lançar Dênis Marques, novamente sozinho. DM9
esperou a saída de Felipe e desta vez não perdoou: 2x0.
Desordenado,
pois o técnico tirou Marcos Vinícius justamente quando ele conseguia
dialogar com Pacheco, o Náutico voltou a jogar na bola longa e facilitou
o trabalho dos inspirados César e William Alves.
Ficha do jogo:
Náutico: Felipe;
Auremir (Vinícius Pacheco), Alemão, Alison e Douglas Santos; Elicarlos,
Rodrigo Souto, Martinez e Marcos Vinícius; Rogério e Élton (Marcos
Vinícius). Técnico: Vágner Mancini.
Santa Cruz:
Tiago Cardoso; Éverton Sena, César, William Alves e Tiago Costa; Tozo,
Luciano Sorriso (Nininho), Natan (Leo), Renatinho e Raul (Jefferson
Maranhão; Dênis Marques. Técnico: Marcelo Martelotte.
Local: Aflitos, Recife (PE). Árbitro: Gleydson Leite. Assistentes: Clóvis Amaral e Wlademir Lins. Gols: Natan, aos 32; e Dênis Marques, aos 34 do segundo tempo. Cartões amarelos: Alemão, Martinez, Douglas Santos, Luciano Sorriso, William Alves, Natan, Tiago Costa e Raul.
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