segunda-feira, 31 de março de 2014

Há 50 anos tentaram calar nossas vozes

Discursos como o de Miguel Arraes, no dia do golpe de 1964, nos dão orgulho em uma data marcada pela vergonha

Paulo Moreira Leite - ISTOÉ


Cinquenta anos depois do golpe de 1964, só temos uma atitude a fazer. Prestar homenagem aos homens e mulheres que tentaram resistir aos tanques, às baionetas – e a tanta covardia, que muitas vezes está ao nosso lado e até dentro de nós.

Ouça, por exemplo, o pronunciamento inédito de Miguel Arraes, governador de Pernambuco. Com o palácio ocupado por tropas, ele se recusa a entregar o cargo para generais golpistas. Não aceita sequer negociar com eles.

Ouça o discurso de Rubens Paiva, o combativo deputado que em 1962 relatou à CPI que apurou as remessas de dólares da CIA para financiar os políticos de oposição a Jango. Nós sabemos que, em 1971, Rubens Paiva foi torturado e morto no DOI CODI.

Mas no dia 31 de março ele apanhou um microfone e deixou uma mensagem que podemos ouvir, meio século depois.

Na hora do espanto, Arraes não sugere atos grandiosos nem pretende ser herói. Apenas diz que não vai se entregar.

Paiva orienta. Diz que trabalhadores e estudantes devem procurar suas entidades, se organizar, se unir.

São atitudes que dão orgulho numa data que foi uma vergonha. Estes gestos tem essa função. Mostram a história viva, feita por homens e mulheres que se recusam a fazer o papel de insetos.

O discurso de Rubens Paiva você pode achar em vários locais da internet. O de Arraes pode ser baixado e ouvido AQUI.

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