Carnaíba de 1953 a 2013.
Carnaíba acaba de completar 60 anos de emancipação Política nesse 30 de dezembro de 2013.
Quanta coisa aconteceu nesse meio tempo que se foram e que ficaram...
Fizemos uma reflexão (ouvindo ou lendo relatos dessa história) e nos transportamos a cada ano vivido por nossos antepassados até a atualidade, quando já somos autores e atores das cenas cotidianas.
Vale a pena andar por esses caminhos percorridos por várias gerações e ressuscitarmos os fundadores, os administradores, ou simplesmente moradores construtores de histórias e legados, gente que, segundo o dito por aí, é que inspira a gente a buscar nas lembranças, o fio do novelo que foi tecido e vem crescendo até os dias de hoje.
Pois bem, 60 anos do desmembramento entre Flores e Carnaíba... o que restou até hoje que ainda não foi destruído, substituído ou modificado?
O homem, no seu recanto de Inteligência privilegiada, senhor do saber e do poder, às vezes faz cada besteira...
Carnaíba, infelizmente, perdeu uma porção de coisas, diga-se, marcos que faziam parte da história, como exemplo o coreto no meio da chamada Praça da saudade (em frente a casa de João Grande) onde as crianças brincavam, mas aos domingos quando a missa terminava às 9 horas da manhã, a banda vinha tocando pela rua e parava lá onde tocava mais um pouco. Nós, crianças da época, acompanhávamos curiosas e contentes. Outra lembrança viva é o Instituto Pio XI, de salas enfeitadas de borboletas e outros bichos, cheias de alunos, com palco para teatro onde eram apresentados vários dramas e a juventude se revelava na dramaturgia e uma quadra para os famosos jogos de equipes nos domingos a tarde. Aí, nas madrugadas de frio e fome fazia-se uma fila enorme para receber leite, bugô, agasalhos, queijos, entre outras doações que vinham dos Estados Unidos. Depois, instalou-se o saudoso jardim da Infância com Pe. Luíz, Zena, Zélia, Bernadete a princípio, depois Sininha, Luciene, Lili e outras colaboradoras que no momento me falha a memória.
Muitas casas de arquitetura de época já foram demolidas e chamo a atenção para a Vila Lourdinha, conhecida como a casa de Zé Martins ou de Dona Naninha, ou de Pedrosa, que insensatamente, o ultimo herdeiro Dr. João Bosco Martins de Oliveira vendeu para ser demolida e, nos entulhos ser levada para o lixo a história de sua própria família. Insistimos muitas vezes com autorização do prefeito Anchieta Patriota para alugar ou comprar e nela instalar a Secretaria de Cultura e perpetuar aí as personagens e sua história, mas sempre recebíamos a resposta que não estava a venda e de repente foi vendida e hoje não resta sequer nada concreto dessa construção de 1910 .
Durante a organização da Festa de aniversário dos 60 anos de emancipação, convidamos a colega Neuman, apaixonada por Carnaíba, mesmo sendo florense e juntas fomos procurar algo para associarmos a história de emancipação e no vai e vem de olhares e lembranças encontramos as figueiras que sobreviveram ao corte desordenado e cruel dos que acham que podem tudo, inclusive saírem por aí destruindo o meio ambiente como se fosse propriedade sua.
Lutar contra esses inclementes não é fácil, mas hoje já existem leis, conselhos conscientes e um poder público sério que é regido pela lei maior do país, do estado e do Município, com compromisso de conservar, zelar, proteger e defender a flora e a fauna contra a mão impiedosa e vaidosa que só pensa em sua satisfação pessoal e vaidade.
Encontramos, com alegria, vários pés de figos sexagenários que foram plantados na década de 50 ou até antes, no século passado, por antigos moradores ou pela administração e permanecem até hoje, ao mesmo tempo aproveitamos para, por ocasião do aniversário da nossa terra, homenagearmos antigos moradores e benfeitores que de uma forma ou de outra, ajudaram na concretização do sonho de João Gomes dos Reis, nosso fundador.
Em parceria, as Secretarias Mul. De Agricultura e Meio Ambiente, e a Secretaria Mul. De Cultura, Turismo e Lazer, estão fazendo o emplacamento dessas árvores, como forma de tombamento histórico desse patrimônio que ficará registrado nos acervos históricos, turísticos e geográficos do Município de Carnaíba e assim homenagearem pessoas, como esses pares que nos remetem a boas lembranças de suas vidas aqui em nossa terra:
Em cada figueira colocamos uma placa com a data que marca os 60 anos de emancipação política ao mesmo tempo que rememoramos os antigos moradores da casa onde está situada a árvore.
Esperamos que a população compreenda a sua importância nessa vida e o legado que pode deixar através de boas lembranças para os presentes e para os que ainda virão.
HOMENAGEADOS
LEMBRANÇAS DE CONTRIBUIÇÃO
· Dezinho e Anunciada
· Ele: comerciante, agricultor, e pecuarista;
· Ela: Boa mãe, católica assídua.
· Ambos: bons vizinhos
· Ismael Gomes e Hortência
· Ele: Político, comerciante, agricultor e pecuarista;
· Ela: professora, comerciante, catequista, primeira juíza da Festa de São João Maria Vianney, católica fervorosa;
· Ambos: até hoje, que mais batizaram crianças afilhadas.
· Manoel José e Maria
· Ele: comerciante, agricultor, pecuarista, na época com uma bulandeira fabriqueta de descaroçar algodão e fabricar azeite de mamona;
· Ela: grande dona de casa, criou e educou vários filhos, colaboradora da igreja;
· Manoel e Antônio Martins
· Manoel: agricultor, remador que enfrentava as cheias do Pajeú passando o povo em canoa, dono de bar e clube com os irmãos;
· Toinho Martins: grande músico, saxofonista, dono de bar e clube, agricultor.
· Zé Cassiano e Nita
· Ele: comerciante, lojista;
· Ela: professora, comerciante;
· Ambos: bons vizinhos.
· Milton Pierre e Zefinha
· Ele: agricultor, pecuarista, comerciante, e foi prefeito do Município;
· Ela: dona do cartório de Registro Civil de Carnaíba e funcionária Pública.
· Zuca Vasco e Laura
· Ele: funcionário público Municipal;
· Ela: boa dona de casa;
· Ambos: bons vizinhos.
· Naninha e Beata
· Naninha: catequista, confeccionava enxovais de batizado e preparava para a 1° comunhão;
· Beata: ajudava a sua mãe na confecção dos enxovais, e excelente bordadeira.
· Antônio Monteiro e Teió
· Ele: comerciante revendedor de moveis usados, o primeiro em Carnaíba a ir buscar peças antigas em Recife;
· Ela: boa dona de casa, vizinha amorosa e muito educada.
· Abílio e Xinda
· Ele: comerciante, conhecido por contar histórias de belas mulheres que já morreram e apareciam pela rua nas altas madrugadas e ele tinha o prazer de encontra-las;
· Ela: senhora educada e caridosa;
· Luis e dona Pitu
· Ele: soldado;
· Ela: dona de hotel;
· Zé de Neco e Benedita
· Ele: agricultor, pecuarista, comerciante exportador de peles, milho, feijão e algodão, dono de um curtume onde industrializava couros de animais transformando em solas para selas e calçados;
· Ela: dona de casa e caridosa.
· Manoel Romão e Lourdes Tenório
· Ele: agricultor;
· Ela: dona de casa;
· Ambos: bons vizinhos.
· Manoel Rodrigues e Maria de Lourdes
· Ambos: comerciantes, agricultores e pecuaristas.
· Nego Alexandre e Teresinha
· Ele: agricultor, quitandeiro, grande sanfoneiro, fundador do famoso forró das tardes de domingo no seu salão na Rua Nova;
· Ela: dona de casa, administrava a quitanda de frutas.
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