Uma
das piores estiagens das últimas décadas, a seca que assola o sertão
nordestino já contabiliza um prejuízo gigantesco: R$ 1,5 bilhão no
Produto Interno Produto (PIB) pernambucano. O cálculo, obtido com
exclusividade pela Folha é do secretário estadual de Agricultura e
Reforma Agrária, Ranilson Ramos e toma como referência apenas a pecuária
bovina, ou seja, não inclui as perdas com a agricultura de sequeiro,
por exemplo.
Para chegar à cifra bilionária, Ranilson
considerou somente dois fatores negativos da pecuária ao longo de 2012:
a mortalidade animal e a queda na produção leiteira. No período foram
registradas 860 mil mortes de animais por causa da seca propriamente
dita ou durante a migração em busca de pastagens (os criadores tentam
levar comida para o gado no Piauí, Maranhão e Pará) ou ainda devido ao
abate precoce, quando o animal é sacrificado antes do tempo. Em 2012, a
bacia leiteira de Pernambuco caiu 62% em relação ao ano anterior. Em
números, Pernambuco deixou de produzir, por dia, 1,3 milhão de litros de
leite.
“Com essa perda de 860 mil animais e
1,3 mil litros de leite, vamos para R$ 1,5 bilhão de prejuízo na nossa
agricultura. E o que é mais grave: foi perdida por pequenos pecuaristas”,
enfatizou o secretário. Ele informou que 90% dos criadores de gado em
Pernambuco enquadram-se nessa realidade, ou seja, têm até 50 animais.
Na próxima terça-feira, 02, a presidente
do Brasil, Dilma Rousseff, vai se reunir com governadores nordestinos
na Sudene em Fortaleza/CE e pode anunciar medidas para amenizar os
efeitos da seca. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, deve
entregar a petista três propostas sugeridas por Ranilson Ramos para
deixar no azul a conta negativa da pecuária.
De acordo o secretário pernambucano, o
governo federal deve oferecer anistia das dívidas dos pecuaristas,
financiamento para investir nas pequenas propriedades rurais (PE tem 110
mil, metade delas sem estrutura hídrica) e reposição da fauna bovina.
Se o pleito for atendido, acredita Ranilson, em cinco anos o PIB
pecuário estará com saldo positivo. “Se não, a gente vai passar 30 anos para reparar os prejuízos”, reforça o responsável pela agricultura em Pernambuco.
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